Superman Merece Muito Mais do Que os Jogos Oferecem!

Superman Merece Muito Mais do Que os Jogos Oferecem!

📅 Publicado: 10/07/2025 às 13h34
📝 Atualizado: 10/07/2025 às 19h20
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Superman merece um jogo que capture sua essência de heroísmo e bondade. É hora de transformar sua história em uma experiência incrível!


Superman é, sem dúvida, uma das figuras mais emblemáticas entre os super-heróis, senão a mais icônica de todos os tempos. Esse semideus vindo de outro mundo, criado por um casal amoroso para refletir as melhores qualidades da humanidade, tem cativado o público por quase 90 anos, através de diversos filmes, milhares de quadrinhos e, infelizmente, alguns jogos eletrônicos que logo caíram no esquecimento. Apesar de sua notoriedade e prestígio, os videogames têm enfrentado dificuldades em capturar o apelo singular do Homem de Aço. Com o relançamento de Superman sob a direção de James Gunn, chegou a hora de o personagem ganhar um jogo à altura de seu legado.

A trajetória de Superman nos videogames tem sido, para ser gentil, irregular. Os primeiros jogos para Atari e Commodore 64 eram bem simples, tentando retratar as façanhas titânicas de força do herói, dentro das limitações da época. Sua natureza rudimentar resultou em narrativas quase inexistentes, limitando-se a uma ou duas ações heroicas repetidas indefinidamente. Um jogo de 1992 para o Genesis, embora decente, se destacou pouco como um plataforma de ação. Superman possuía força suficiente para derrotar robôs imponentes, e o título fez uma tentativa simbólica de representar seus poderes, mas carecia de inovação em relação aos demais jogos de plataforma da época. O jogo “A Morte e o Retorno de Superman”, baseado em um importante evento dos quadrinhos, era um beat-‘em-up com os quatro “Supermen” que surgiram após a precoce morte do herói nas mãos de Doomsday: Cyborg, Steel, Eradicator e Superboy. Em uma época em que muitos super-heróis foram adaptados para jogos semelhantes, como Batman e Spider-Man, este título se destacou como um dos melhores, mas ainda assim não conseguiu capturar a essência que torna Superman tão especial.

Esses jogos iniciais falharam em expressar a verdadeira essência de Superman. Embora alguns tenham sido mais eficazes que outros, em termos gerais, dominavam fórmulas de gêneros já conhecidas. Frequentemente, Superman não parecia poderoso o suficiente, refletindo uma limitação do design dos jogos; mas, mais importante, as estruturas narrativas daquela época não podiam abarcar a bondade fundamental que define o personagem. Ele pode, sem dúvida, atravessar aço sólido — mas por que ele se arriscaria por um mundo cheio de estranhos? O que faz com que se preocupe tanto com a humanidade? A capacidade de Superman de enxergar o melhor em nós — de ser o melhor de nós — é tão central para sua identidade quanto sua força colossal e sua pele à prova de balas.

À medida que os videogames migraram para a era 3D, o problema apenas se agravou. “Superman: The New Adventures”, popularmente conhecido como Superman 64, é amplamente considerado um dos piores jogos já feitos, devido a seus inúmeros bugs, neblina pesada e apresentação precária. “Superman Returns”, lançado junto com o filme de Brandon Routh, oferecia um jogo de mundo aberto mediano, com pouca coisa interessante para fazer. Sua característica mais notável, no entanto, abordou um desafio que os desenvolvedores frequentemente enfrentam: como tornar interessante jogar como alguém que é, em essência, invencível? Em “Superman Returns”, o próprio Kryptoniano era quase indestrutível, mas a cidade de Metrópolis tinha uma barra de vida. Essa abordagem mudou o foco do jogador da autoconservação para a proteção, capturando pelo menos uma parte importante da identidade de Superman.

Recentemente, parece que os desenvolvedores de jogos têm se resignado a transformar o Homem de Aço em uma experiência de jogo memorável. Em vez disso, as estúdios têm se voltado para aproveitar o personagem e suas habilidades divinas, propondo ao jogador enfrentar uma ameaça insuperável. Jogos como “Injustice” e “Suicide Squad” exploraram a premissa “e se Superman fosse mau?” de maneiras distintas. Isso funciona razoavelmente para esse propósito. Superman é frequentemente criticado por ser excessivamente poderoso, então por que não usar isso a favor do jogo, transformando-o no vilão principal? Infelizmente, isso significa que as melhores representações de Superman nos videogames têm sido aquelas que vão contra os valores que o caracterizam há anos, prejudicando as qualidades que o tornam um herói duradouro.

Por que é tão complicado acertar na representação de Superman?

Um aspecto a considerar é que a crítica de que Superman é excessivamente poderoso tem alguma validade em termos de design de jogos. Ele é um dos personagens mais fortes do cânon da DC, um parâmetro para medir outros heróis poderosos, com décadas de história que ampliaram seus níveis de poder e modos de usar suas habilidades. Construir mecânicas de jogo em torno desse nível de força é, aparentemente, desafiador. Se o tornamos muito forte, um jogo jogado sob sua perspectiva se torna monótono. Por outro lado, se ele for muito fraco, o jogo perde a autenticidade e se torna desanimador. A abordagem de “Superman Returns”, que tornava Metrópolis a vulnerabilidade, é uma solução inteligente, mas como o jogo mostrou, manter o interesse em um mundo aberto que parece vazio pode ser difícil.

Ademais, é importante notar que, apesar de ser extremamente forte, Superman não é imortal. Nos quadrinhos, foi estabelecido que ele parece invulnerável aos padrões humanos, mas tecnologia avançada, magia ou seres de outros planetas podem feri-lo. Kryptonita, a rocha radioativa que representa sua fraqueza, pode parecer uma artimanha narrativa, mas não é a única forma de derrubá-lo. Vilões como Doomsday ou Darkseid podem machucá-lo sem ajuda.

Portanto, a solução pode ser uma alternativa que una as duas abordagens. Um jogo que busque capturar a essência das habilidades poderosas de Superman poderia se iniciar em Metrópolis, permitindo que o jogador voe pela cidade, salve vidas e evite crises, utilizando, por exemplo, uma barra de saúde da cidade similar à de “Superman Returns” para mostrar como está cumprindo sua missão de protetor da Terra. Elementos como tecnologia do vilão Lex Luthor ou invasões alienígenas poderiam gradualmente começar a ferir Superman, aumentando a dificuldade até que o jogador se depara com uma ameaça que realmente pode matá-lo e deixar Metrópolis indefesa. Superar esses desafios poderia proporcionar a fantasia de poder de ser Superman e a adaptação a novos obstáculos.

Mais importante ainda, essa abordagem poderia narrativamente expressar a essência de Superman: ele é fundamentalmente bom. As histórias do tipo Elseworlds, que retratam um Superman maligno governando como um tirano, podem proporcionar tensão nas narrativas de outros heróis, mas não são verdadeiramente histórias sobre o Homem de Aço. Ele é um personagem genuíno e gentil, um ícone que visa inspirar aspirações. Possui todo o poder que se possa imaginar, mas nunca o usaria para causar dor ou sofrimento. É generoso com seu tempo e carinho por Terra e seus habitantes. Esse é Superman.

Qualquer narrativa que busque ser sobre Superman deve capturar esse elemento acima de tudo. A questão “E se a pessoa mais poderosa do mundo fosse má?” já não ressoa tanto como antes, talvez porque temos muitos indivíduos poderosos e malignos na vida real. A ideia mais revolucionária é a que Superman representa há décadas. E se a pessoa mais poderosa do mundo também fosse a mais bondosa?

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