Capacidade de Crítica em Tekken 8: O Que a Opinião Pública Não Está Vendo?

Capacidade de Crítica em Tekken 8: O Que a Opinião Pública Não Está Vendo?

📅 Publicado: 13/08/2025 às 14h10
📝 Atualizado: 13/08/2025 às 22h51
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Tekken 8 enfrenta críticas na Season 2, mas introduce novos personagens, como Armor King e Miary Zo, enriquecendo o jogo.


Tekken se consolidou como um clássico na série de torneios Evo, sendo um pilar do gênero de jogos de luta. No entanto, a trajetória recente do torneio King of Iron Fist não tem sido totalmente tranquila. Embora as vendas de Tekken 8 tenham sido robustas, diversos jogadores competitivos expressaram descontentamento em relação às mudanças nos personagens e na mecânica de jogo trazidas na Temporada 2, manifestando suas opiniões de forma contundente nas redes sociais. Ciente das turbulências na cena competitiva de Tekken 8, conduzi uma entrevista com membros da equipe de Tekken no Evo para discutir os planos de conteúdo futuros, a maneira de lidar com críticas, a possibilidade de revisitar jogos anteriores e o iminente retorno de seu rival no combate em 3D.

No início da sessão, o diretor Kohei Ikeda, conhecido pelos jogadores e pela equipe como Nakatsu, apresentou o trailer do personagem Armor King. Este é um personagem icônico que retorna, com sua história remontando ao primeiro Tekken. Ele adota o estereótipo de um típico “vilão” do wrestling, vestindo um traje preto espinhoso e apresentando um conjunto de habilidades focado em ataque, incluindo uma nova postura chamada Bad Jaguar. Além disso, ele é capaz de causar fissuras no chão durante sua arte da fúria.

Observei que, quando os ataques de Armor King atingiam o oponente, havia um relâmpago breve mostrando o kanji japonês “aku” (悪), que significa mal. “Você é a primeira pessoa a notar isso”, disse o designer de Tekken e intérprete Michael Murray. “Isso está lá porque o traje clássico de Armor King costumava exibir esse kanji de forma proeminente.”

Esses detalhes sobre os personagens estão se tornando cada vez mais cruciais em Tekken 8. “No passado, incluíamos muitos detalhes sobre os personagens, como o fato de Kazuya ser um colecionador de tênis”, afirmou Murray. “Mas, com o tempo, deixamos de fazê-lo. Então, os fãs começaram a perguntar ‘Por que? Nós adorávamos esses detalhes’. Assim, tentamos reintroduzir isso em Tekken 8.”

Tive a oportunidade de conhecer o novo personagem, Miary Zo, que vem da ilha africana de Madagascar e utiliza artes marciais africanas tradicionais em suas lutas. O produtor do Tekken Project e veterano Katsuhiro Harada enfatizou que visitaram Madagascar para aprofundar sua pesquisa na criação do primeiro personagem africano da série. “Makatsu [Ikeda] e eu fomos realmente a Madagascar para pesquisa. Conseguimos nos conectar não apenas com a comunidade local de jogos de luta, mas também com diversos grupos de pessoas. Uma lição importante foi aprender que a origem de Madagascar é bastante única na região africana, com seu povo e cultura situados ao largo do continente africano.”

“Descobrimos que suas raízes vêm do Sudeste Asiático e do continente principal. O povo de Madagascar apresenta características diferentes dos habitantes da parte continental da África, principalmente em relação à cor da pele e estilos de cabelo. Por exemplo, notamos que muitas mulheres em Madagascar têm cabelos mais lisos.”

O compromisso com a autenticidade trouxe desafios inesperados. “Durante as gravações das vozes, percebemos que não existia uma indústria consolidada em Madagascar para gravações em estúdio, pois apenas algumas pessoas realizam dublagens esporádicas para programas de TV na língua local. Portanto, para encontrar um dublador para Miary Zo, tivemos que buscar jovens que desejassem atuar como dubladores. Realizamos várias rodadas de testes para achar a pessoa certa. Além disso, o próprio processo de gravação em estúdio foi complicado devido aos frequentes cortes de energia que ocorrem durante o dia.”

Após essa introdução do novo personagem, achei que era oportuno abordar um assunto delicado: como a equipe estava lidando com as críticas relacionadas à Temporada 2 de Tekken 8? “Tivemos muitas novidades na equipe”, explicou Harada. “Costumo ser bastante conservador em relação ao design de jogos e, geralmente, não faria mudanças drásticas. Contudo, com Tekken 8, sinto que nossa equipe conseguiu criar algo verdadeiramente único. Quando o jogo foi lançado, os jogadores o adoraram, recebendo notas altas e prêmios. Mas isso ocorreu antes do término da Temporada 1.”

“Entretanto, percebemos que uma parte do nosso público é também conservadora. Muitos talvez prefiram uma sensação mais próxima de Tekken 7, por exemplo. Mas, avaliar isso a partir de fora é complicado, pois existem opiniões divergentes na internet. Por outro lado, há novos jogadores que se juntaram com Tekken 8 e estão satisfeitos. Mesmo havendo um conflito entre opiniões, não queremos que esses grupos se enfrentem sobre o que ‘deve’ ser Tekken.”

“Com Tekken 8, tentamos trazer algo completamente inovador e distinto na Temporada 2”, continuou Harada. “Alguns gostaram disso, outros nem tanto. Estamos nos empenhando para monitorar a comunidade e manter um diálogo, buscando um equilíbrio que agrade a todos, seja você um fã de longa data da série ou alguém que aprecia as novas mecânicas.”

Com a era da mídia social, é fácil ser envolvido por críticas negativas. Como a equipe separa o essencial do ruído? “É desafiador”, admitiu Harada. “As redes sociais são uma ferramenta valiosa para coletar informações sobre o desenvolvimento de Tekken. No entanto, eventos como o Evo ou Comic-Con também são fundamentais, pois posso ouvir as opiniões dos competidores, que nem sempre coincidem com as de jogadores profissionais. Em uma convenção como a Comic-Con, posso dialogar com fãs que estão menos envolvidos na competição.”

“Isto me faz não focar em sentimentos negativos. Procuro entender que não é um ataque pessoal, mesmo que por vezes parece ser. Ao escutar as opiniões, discuto com Nakatsu para identificarmos o que representa a maior parte da nossa comunidade gamer, buscando o que traz mais satisfação ao maior número de pessoas, sem nos preocupamos excessivamente com as agitações nas redes sociais.”

“Nem sempre encaro críticas negativas como definitivas”, continuou Harada. Contudo, a mídia digital pode amplificar esse tipo de desapontamento. Quando ouço as vozes diversas, fica a dúvida se elas estão expressando uma opinião genuína ou apenas repetindo o que escutaram anteriormente. Existem aqueles insatisfeitos que expressam suas discordâncias, mas muitos outros simplesmente se afastam em silêncio. Enquanto isso, há também quem se alegra com a atual situação de Tekken 8, mas esses geralmente não compartilham suas opiniões.”

Murray trouxe sua própria experiência ao comentar: “Harada frequentemente partilhava uma história sobre o desenvolvimento de Tekken 3 e Tekken Tag Tournament. A equipe queria criar um novo título e decidiu eliminar características que os jogadores não apreciavam na época. O raciocínio era: ‘Se conseguirmos remover esses pontos, todos adorarão o novo jogo.’ O resultado foi Tekken 4, que na época foi considerado uma versão estranha da série.”

“Essa experiência nos ensinou que apenas eliminar aspectos que geram desconforto na comunidade não é garantia de um bom jogo. Por isso, estamos sendo bem cautelosos na análise das opiniões sobre Tekken 8.”

Apesar das queixas online, Tekken 8 mantém uma base de jogadores robusta, embora alguns escolham retornar a títulos mais antigos, como Tekken 5 Dark Resurrection e Tekken Tag Tournament 2. Isso não é uma surpresa no cenário de jogos de luta; se determinados jogadores não se agradam de um novo título, frequentemente decidem continuar com versões anteriores da série.

Perguntei a Harada se ele consideraria criar uma compilação de títulos antigos de Tekken para esses jogadores. “É um pouco complicado”, respondeu. “É um conceito que funcionou bem para a Capcom. Pode ser que a opinião pública tenha evoluído, mas quando discutimos a reedição de títulos passados, investigamos a viabilidade de mercado. Os jogos de luta em 3D, como Virtua Fighter e Tekken, sempre foram vitrine de tecnologia avançada na época de seus lançamentos. Essa dinâmica se difere bastante dos jogos de luta em 2D, onde as pessoas costumam revisitar os clássicos, independentemente da evolução dos novos títulos.”

“Com os jogos de luta em 3D, na maioria das vezes, os jogadores se sentem inclinados a ir diretamente para a última versão, devido aos gráficos aprimorados e à tecnologia corrente. Poucas pessoas retornam para reexperienciar os títulos mais antigos. Durante a versão de Tekken 5 para consoles, por exemplo, incluímos as iterações anteriores de Tekken 1, 2 e 3. Os jogadores frequentemente iniciavam esses jogos e diziam: ‘Ah, eu lembro disso!’ e logo voltavam ao título principal. Contudo, talvez estejamos precisando rever nossas suposições sobre isso.”

“Por um lado, comercialmente falando, seria algo sensato revisar e reproduzir esses jogos”, continuou Harada. “Entretanto, como desenvolvedor, não é muito estimulante voltar a recriar algo que já fiz. Há também aspectos como o desempenho de Tekken Tag 2, um título que muitos fãs ocidentais adoram, mas que, em termos de vendas, teve um desempenho injustificável em comparação a Tekken 4 e quase colocou a série em risco. Às vezes, a memória popular se desvia muito da realidade.”

Com a chegada de um novo jogo da série Virtua Fighter, a mais proeminente concorrente no arena dos jogos de luta em 3D está de volta. Contudo, ao contrário do que muitos pensam, os times de Tekken e Virtua Fighter mantêm uma relação amistosa, com Harada frequentemente defendendo publicamente a revitalização da série Virtua Fighter. Assim, questionei sobre seu sentimento em ver o retorno de Virtua Fighter após tanto tempo.

“Em termos emocionais, bem como do ponto de vista empresarial, sempre mantivemos uma saudável rivalidade,” disse Harada. “Durante um período, parecia que a série havia estagnado. As pessoas estavam resignadas, sem saber quando ou se um novo Virtua Fighter seria lançado. Mesmo quando Tekken passou a ser considerado a série de luta em 3D mais longa na continuidade, ninguém se lembrou de dizer: ‘Ei, espera, e o Virtua Fighter?’ A impressão era de que a série estava encerrada.”

“Essa situação foi frustrante, pois nos deixou praticamente sozinhos como a única grande marca do gênero em 3D. Desejo que eles retornem rapidamente, pois a competição é benéfica. Queremos que jogos como Virtua Fighter estejam por aqui, pois atraem atenção e incentivam o interesse em lutadores em 3D.”

Para encerrar a entrevista, indaguei a Harada sobre sua visão do atual panorama dos jogos de luta. “Muitas pessoas estão ingressando neste espaço, além dos novos títulos significativos. Falam do boom dos jogos de luta nos anos 90, mas isso terminou abruptamente. Agora, todos estão de volta em força total. As vendas das principais franquias – Street Fighter, Tekken, Mortal Kombat – não só se saíram bem no segmento de jogos de luta, mas também no mercado de vídeo games em geral. Se observarmos a concorrência e os espectadores do Evo ano após ano, ou até mesmo em nosso próprio Tekken World Tour, acredito que estamos vivendo um novo boom nos jogos de luta.”

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