Tentativa frustrada de usar avatar de IA em defesa judicial gera polêmica e irrita juízes em Nova York

A inteligência artificial tem sido apontada como uma ferramenta versátil, mas será que ela pode realmente facilitar processos jurídicos complexos? A ideia de usar um assistente digital para defender seus próprios argumentos em tribunal pode parecer tentadora, especialmente para quem não tem experiência jurídica. Foi exatamente isso que Jerome Dewald tentou fazer no Tribunal Superior do Estado de Nova York no mês passado. No entanto, sua abordagem inovadora não agradou em nada os juízes.

Dewald, que atuava como seu próprio advogado em uma disputa trabalhista, decidiu que um avatar de IA seria mais eficiente do que ele mesmo para apresentar sua defesa inicial. Segundo a APNews, ele justificou a escolha citando sua dificuldade em falar com clareza, muitas vezes gaguejando ou tropeçando nas palavras. Inicialmente, ele tentou criar uma réplica digital de si mesmo usando um software de uma empresa de tecnologia de São Francisco, mas, sem tempo hábil, optou por um avatar genérico.

O substituto virtual apareceu em uma tela no tribunal como um “homem jovem e sorridente, com um corte de cabelo impecável, camisa social e suéter”. Mas a estratégia de Dewald durou pouco. Assim que o vídeo pré-gravado começou a ser exibido, o avatar declarou: “Que seja do agrado do tribunal, estou aqui hoje como um humilde pro se diante de cinco juízes ilustres”. A fala foi interrompida quase imediatamente pela juíza Manzanet-Daniels.

“Espere um momento, esse é o advogado do caso?”, questionou ela, ordenando que o vídeo fosse interrompido. “Eu gerei isso. Não é uma pessoa real”, explicou Dewald, o que só pareceu irritar ainda mais a juíza. “Seria bom ter sido informado disso antes. Você não me avisou, senhor… Não gosto de ser enganada.”

Em uma entrevista posterior à AP News, Dewald admitiu: “Eles me massacraram. O tribunal ficou realmente furioso.” Depois do ocorrido, ele enviou uma carta de desculpas, explicando sua dificuldade na oratória e afirmando que não teve intenção de enganar ninguém. Ele alegou ainda que havia solicitado permissão para exibir um vídeo pré-gravado, mas, aparentemente, isso não incluía o uso de um avatar de IA para representá-lo.

No fim das contas, a tentativa de modernizar sua defesa acabou se tornando um exemplo do que não fazer em um tribunal. Será que a IA realmente tem espaço nos processos judiciais? Por enquanto, pelo menos no caso de Dewald, a resposta parece ser um sonoro “não”.


Este artigo foi inspirado no original disponível em pcgamer.com.

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