Legendas da Culinária Comemoram 10 Anos de “Chef’s Table” no Reel Taste Film Awards em Napa

Lendas da gastronomia se reuniram no Vale do Napa em 1º de maio para celebrar os 10 anos da série da Netflix “Chef’s Table”. A conversa abordou desde inspirações pessoais até os pratos que consagraram suas carreiras – e, por que não, a opinião deles sobre corndogs. Os chefs Thomas Keller, Jamie Oliver e Alice Waters participaram do evento ao lado de David Gelb, criador da série, em uma noite repleta de clipes, debates e gastronomia refinada. O encontro fez parte do Reel Taste Film Awards, organizado pelo Culinary Institute of America em parceria com o Napa Valley Film Festival.

Os três chefs integram a nova temporada de “Chef’s Table: Legends”, já disponível na Netflix. Durante o evento, trechos da série foram exibidos entre perguntas da plateia, e a noite foi encerrada com um menu especial inspirado em pratos icônicos dos chefs. No final, em um momento descontraído, alguém perguntou se eles já tiveram vontade de comer algo simples, como um corndog. Waters, pioneira do movimento farm-to-table, precisou que os colegas explicassem o que era. Oliver, britânico, confessou: “Eu nem sabia que isso existia até uns cinco anos atrás. Vou ter que experimentar.” Gelb brincou: “Mal posso esperar pelo corndog gourmet na próxima temporada!”

Ao falar sobre suas inspirações, Oliver relembrou sua infância em um pub administrado pelos pais e como aprendeu a valorizar a comida desde cedo. Contou a história de um amigo que só comia sanduíches de geleia até provar seu sanduíche de salmão: “Ele colocou na boca e sua expressão mudou completamente. A reação dele ao sabor azedo, macio e sedoso me mostrou, ainda criança, o poder da comida – quando você experimenta algo bom, não quer voltar atrás.”

Keller, dono do renomado French Laundry, no Vale do Napa, compartilhou como uma experiência negativa em um restaurante francês o marcou: “Me senti muito desconfortável na primeira vez. Pensei: por quê? A comida é importante, mas o acolhimento é ainda mais. Fazer as pessoas felizes é simples, e é isso que buscamos.”

Antes mesmo de Waters falar, os outros chefs já destacavam sua influência no movimento farm-to-table e na valorização dos ingredientes sazonais. Oliver revelou que, na adolescência, descobriu um livro de receitas “dessa americana” e, mesmo com dificuldades por ser disléxico, mergulhou nas páginas: “O livro da Alice não tinha fotos, mas eu me forcei a ler. Mudou minha visão: como alguém pode falar de comida assim? Há mais do que técnica – há alma.”

Waters, por sua vez, contou sobre seu ano sabático na França durante a faculdade: “Foi um despertar. Nunca tinha ido a uma feira de produtores ou experimentado sabores tão autênticos.” Em vez de criar pratos extravagantes, ela focou em ingredientes frescos, comprados diretamente de agricultores. Anos depois, em seu restaurante Chez Panisse, serviu a José Andrés uma sobremesa minimalista – apenas dois tâmaras – e o chef ficou maravilhado. “Era exatamente o que eu buscava: simplicidade que revela o essencial”, concluiu Waters.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

Deixe um comentário