ALERTA DE SPOILER: Este texto contém revelações sobre o segundo episódio da segunda temporada de “The Last of Us”, da HBO, já disponível no Max.
A estreia da segunda temporada de “The Last of Us” dedica boa parte de seu tempo para mostrar como estão Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) cinco anos após os eventos da primeira temporada. Os dois agora vivem no assentamento fortificado de Jackson, Wyoming, administrado pelo irmão de Joel, Tommy (Gabriel Luna), e sua esposa, Maria (Rutina Wesley). Joel ajuda Maria na construção de novas moradias para os residentes que chegam em busca de refúgio do apocalipse causado pelo fungo, embora ele ache que ela está aceitando gente demais para a capacidade do local. Ellie, agora com 19 anos, treina combate e tiro enquanto patrulha a região ao redor de Jackson ao lado de Tommy, sua melhor amiga, Dina (Isabela Merced), e o namorado ocasional dela, Jesse (Young Mazino).
Desde a última vez que os vimos, Ellie se afastou de Joel. Ela se mudou para a garagem ao lado da casa deles, e os dois mal se falam. Joel está tão abalado com a situação que começou a fazer terapia com Gail (Catherine O’Hara) para tentar reconquistar a confiança da garota. “Não significa que esses cinco anos entre as temporadas foram ruins”, diz o co-criador e produtor executivo Craig Mazin, que também dirigiu o episódio. “Na verdade, a maior parte foi boa, e vamos explorar isso ao longo da temporada. Mas, agora, eles estão cada um no seu canto.” Mazin, o também co-criador Neil Druckmann e Bella Ramsey conversaram com a Variety sobre a estreia, o relacionamento entre Ellie e Dina, a construção do cenário de Jackson e por que a cena da terapia de Joel é uma das favoritas de Mazin.
Joel na terapia não era uma ideia nova
Como Mazin revelou em março, ele já havia imaginado uma cena de terapia para Joel nos primeiros episódios da primeira temporada, antes da jornada de Boston. “Em economias fechadas, certas coisas teriam mais valor. Se você consertasse sapatos, seria útil. Se ensinasse física, talvez não. E se fosse terapeuta? Extremamente valioso. Todo mundo viveu um horror. Ninguém pode dizer: ‘Eu estou ótimo’. A terapia é um espelho para revelar o que as pessoas se recusam a falar.” Essas cenas foram cortadas por questões de tempo, mas Mazin recuperou a ideia para a segunda temporada.
No episódio, a sessão começa com Joel reclamando do afastamento de Ellie, até que Gail o interrompe. É seu aniversário, o primeiro sem o marido, Eugene, em 41 anos, e ela não tem paciência para “o problema mais chato do mundo”. Ela acusa Joel de esconder algo: “Você está mentindo, e isso é cansativo.” Para provocá-lo, Gail dá um exemplo de verdade: “Tenho medo de dizer, mas preciso: você matou meu marido. Eu te odeio por isso. Sei que não teve escolha, mas não consigo perdoar você. Ver seu rosto em minha casa me deixa furiosa.” Joel fica em silêncio. “Pronto, está dito. Agora é sua vez. Diga o que tem medo de dizer. Você fez algo com ela? Machucou ela?”
No final da primeira temporada, Joel massacrou os Vaga-lumes para impedir que sacrificassem Ellie em busca de uma cura, mesmo sabendo que ela queria isso. Ele mentiu para Ellie sobre o que fez, e, pressionado por Gail, seu rosto se fecha em lágrimas. “Eu salvei ela”, ele diz, antes de sair furioso.
Mazin explica que queria que a cena fosse como “uma sequência de ação — uma luta, um tiroteio”. “É engraçado até que não é mais. Já passei por sessões de terapia e sei como as coisas podem mudar rapidamente, do riso ao choro e à raiva, quando verdades são expostas. Adorei escrever, filmar e editar. É uma das minhas cenas favoritas das duas temporadas, em grande parte porque pude ver dois lendas no auge atuando.”
Druckmann ressalta, porém, que o diálogo de Gail não é totalmente novo. “É parecido com a conversa de Joel com Tommy no início do segundo jogo, mas transferimos para outro personagem para provocar uma emoção diferente. Sempre que mudamos algo [do jogo], pensamos: ‘O que ganhamos com isso?’ Se for melhor para essa versão da história, vamos em frente.”
Os infectados estão mais espertos
Durante uma patrulha, Ellie cai em um supermercado abandonado e é perseguida por um infectado que age estrategicamente, em vez de atacar com força bruta. Druckmann explica que, no jogo, os desafios aumentam para manter a adrenalina. “Criamos classes diferentes, como os ‘stalkers’, que se escondem e caçam. Isso os torna muito mais assustadores.” Mazin complementa: “Quisemos mostrar uma evolução, com um infectado agindo de forma inesperada. Eles parecem ter um resquício de humanidade, como se soubessem que há pessoas dentro deles que não podem evitar o que fazem.”
Jackson foi construído de verdade
Perguntado sobre o quanto de Jackson foi construído fisicamente, Mazin ri. “Muito mais do que nos deixariam fazer. O primeiro projeto era enorme, mas o orçamento não permitia. Então usamos um pouco de ‘magia de cinema’, mas as partes mais importantes são reais.” A cidade foi erguida em Minaty Bay, uma pequena comunidade canadense perto de Vancouver.
“Era meu set favorito”, diz Ramsey. “O nível de detalhe é incrível. Todas as lojas tinham ambientes completos por trás. Nossos camarins ficavam nesses espaços adaptados. Era imersivo, como estar em uma vila de verdade.” Para quem trabalhou no jogo, a experiência foi surreal. “Eu conhecia cada detalhe daquela casa”, diz a co-roteirista Halley Gross. “Entrar ali foi como entrar em uma simulação. Meu cérebro bugou por um segundo.”
O primeiro beijo de Ellie e Dina precisava ser perfeito
No final do episódio, os moradores de Jackson se reúnem em uma igreja para celebrar o Ano-Novo. Lá, Ellie e Dina dançam e compartilham seu primeiro beijo — uma cena inspirada diretamente no jogo. “Algumas coisas do jogo eu queria trazer exatamente como eram, porque amo elas e sei que funcionariam perfeitamente”, diz Mazin. “Tem um plano dentro da igreja, com Ellie de costas e luzes ao fundo, que é quase idêntico ao do jogo.”
Ramsey, que não é jogadora, assistiu a vídeos do jogo no YouTube. “Chegar naquele set foi como entrar no jogo”, diz. A equipe de produção teve acesso aos conceitos artísticos da Naughty Dog, estúdio de Druckmann, o que permitiu recriar cada detalhe. “Sempre os conectei com as fontes originais”, explica ele.
Ramsey mergulhou nos conflitos internos de Ellie durante a cena. “Ela acha que Dina é hetero e está com Jesse. Tem medo de estragar a amizade e só se abre quando percebe que Dina sente o mesmo. Mesmo no beijo, Ellie ainda está em choque: ‘Isso está mesmo acontecendo?’” Para a atriz, foi um momento raro de alegria coletiva. “Não temos muitas cenas assim na série. Foi especial ver todo mundo se divertindo no set.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com