VistaVision Faz Surpreendente Volta ao TCM Film Festival com Primeiras Exibições Desde 1950 para Restaurar Projetores IMAX do Formato Perdido

O Festival de Cinema Clássico TCM não apenas apresenta filmes vintage, mas também revive métodos de projeção e exibição perdidos.
O TCM Classic Film Festival não é apenas uma celebração de filmes vintage – ocasionalmente, o evento também resgata métodos antigos de projeção e exibição que há muito caíram em desuso. Afinal, foi esse mesmo festival que reviveu o lendário “Smell-o-vision” em uma exibição na década de 2010. “Eventualmente, trazemos de volta todos os formatos”, declarou Genevieve McGillicuddy, diretora do festival, durante o encerramento da edição de 2025. Dessa vez, a atração em questão era ainda mais rara do que filmes com aromas: uma sessão em VistaVision, um processo cinematográfico dos anos 1950.
No sábado à noite, no TCL Chinese Theatre, o público teve o privilégio de assistir a duas produções filmadas nesse formato: “We’re No Angels” e “Gunfight at the O.K. Corral”. Mas o que tornou essa exibição verdadeiramente especial foi o fato de que os filmes foram projetados em equipamentos originais de VistaVision, dos quais existem apenas algumas unidades no mundo. Esses projetores rodam cópias em grande formato que passam pelo sistema horizontalmente, semelhante ao IMAX moderno. E, assim como os projetores, as cópias em VistaVision também são raríssimas.
“A última vez que um filme em VistaVision foi exibido publicamente nesses projetores especiais? Provavelmente em meados dos anos 1950”, revelou Charlotte Barker, especialista em restauração da Paramount e responsável pelas sessões no TCM. Ou seja, foi a primeira vez em 70 anos que o público pôde vivenciar essa experiência única.
VistaVision foi desenvolvido pela Paramount nos anos 1950 como uma alternativa ao CinemaScope, buscando oferecer uma experiência visual mais impactante. Apesar de ter sido abandonado no início dos anos 1960, o formato ainda desperta fascínio entre cineastas e cinéfilos. Recentemente, filmes como “The Brutalist” e o próximo trabalho de Paul Thomas Anderson, “One Battle After Another”, foram gravados em câmeras VistaVision. Anderson, inclusive, planeja um lançamento limitado do filme usando os projetores originais – algo que não acontece há décadas.
Mas, afinal, o que torna o VistaVision tão especial? Quem já viu clássicos como “Vertigo” ou “Os Dez Mandamentos” em cópias convencionais pode não notar uma diferença radical. Porém, quem esteve presente nas sessões do TCM pôde testemunhar uma qualidade visual distinta – mais nítida, rica e impressionante, quase comparável ao IMAX digital atual, mas com o charme do celuloide.
Segundo Barker, o VistaVision foi criado como um formato de captação, não de exibição. A maioria dos filmes era convertida para película 35mm padrão, permitindo que fossem exibidos em qualquer cinema. No entanto, alguns poucos locais, como o Radio City Music Hall em Nova York, receberam cópias horizontais de 8 perfurações, proporcionando uma experiência ainda mais grandiosa.
Agora, com os projetores restaurados e cópias raras resgatadas dos arquivos da Paramount, o VistaVision está de volta – mesmo que por pouco tempo. E quem sabe o que o futuro reserva? Talvez vejamos “Os Dez Mandamentos” ou até mesmo o novo filme de Paul Thomas Anderson projetados da maneira como foram concebidos há mais de meio século.
“Há um ano, eu nunca imaginei que isso seria possível”, disse Barker, emocionada. “Às vezes, basta alguém insistente o suficiente para desenterrar tesouros esquecidos.”
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com