Dakota Johnson está no Festival de Cannes pela primeira vez com “Splitsville”, uma comédia sombria dirigida por Michael Angelo Covino, o mesmo cineasta por trás de “The Climb”. O filme estreia na seção Cannes Premiere do festival. Além de protagonizar a produção, Johnson também atua como produtora através da TeaTime Pictures, empresa que fundou há seis anos em parceria com sua amiga Ro Donnelly. As duas participaram de um bate-papo com Angelique Jackson, da Variety, no evento Kering Women in Talk, antes da grande estreia.

“Um dos motivos pelos quais quis criar uma produtora e fazer meus próprios filmes foi porque desejo mais da indústria”, disse Johnson. “Quero mais da minha experiência como artista. Sentia uma sede por mais diálogo, criatividade e colaboração. Como atriz, já aconteceu de eu chegar na premiere de um filme e pensar: ‘Nossa, não era isso que eu achava que estávamos fazendo’. É uma sensação muito estranha.” Com a TeaTime Pictures, ela garante que toda a equipe compreenda a visão do diretor, evitando surpresas e alinhando expectativas.

“Montamos nossos sets com base na energia. É um ambiente livre de gente ruim”, explicou. “E fazemos questão que cada pessoa da equipe saiba exatamente o que estamos criando, para que todos se sintam parte do projeto. Trabalhar em filmes é cansativo, as jornadas são longas e nada confortáveis. Quando você está verdadeiramente envolvido, as pessoas ficam mais felizes e produzem melhor.”

Johnson era fã de “The Climb”, comédia negra de 2019 escrita por Covino e Kyle Marvin, e ficou surpresa com o fato de o filme não ter alcançado maior sucesso. Ela decidiu produzir “Splitsville” para assegurar que o próximo trabalho da dupla mantivesse a essência criativa original. “Ideias originais de novos cineastas são nossa maior paixão”, afirmou Donnelly sobre o objetivo da TeaTime Pictures, que também apoiou sucessos como “Cha Cha Real Smooth”, destaque em Sundance.

Foi nas filmagens de “Cha Cha Real Smooth” que Johnson conheceu a atriz e musicista Vanessa Burghardt, que é autista. Agora, elas trabalham juntas no desenvolvimento de roteiros, e Johnson revelou seu desejo de estrear como diretora em um dos projetos de Burghardt. “Ela escreveu um roteiro incrível sobre uma jovem autista. Sinto-me muito protetora em relação a ela, sua história e sua mente. É uma mulher extraordinária, e não consigo imaginar outra pessoa dirigindo esse filme. Então… vamos ver.” Brincando, completou: “Quero dirigir, mas preciso criar coragem… na verdade, não. Ninguém vai me obrigar a ter ‘bolas’ para isso.”

Apesar do crescimento da TeaTime Pictures e da conquista de levar um filme a Cannes, Johnson e Donnelly admitem que o caminho não foi fácil. “Foi difícil fazer as pessoas levarem a gente a sério”, confessou Johnson, surpreendendo a plateia. “Foi triste e frustrante. Sempre idealizei essa indústria como algo mágico, mas ver como as coisas funcionam nos bastidores foi decepcionante.”

Ela criticou ainda a falta de ousadia de alguns executivos: “Muitos profissionais não querem correr riscos, não buscam coisas diferentes, reais, humanas e cheias de imperfeições. E é justamente isso que eu desejo, tanto como atriz quanto como espectadora. É uma batalha constante, mas somos guerreiras. Trabalhamos duro para contar histórias que amamos.”

“Splitsville” já tem o apoio da Neon e deve chegar aos cinemas ainda este ano.

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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com
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