Inspirado no revolucionário romance de Judy Blume, publicado em 1975, e reimaginado pela talentosa roteirista e produtora Mara Brock Akil, a nova minissérie da Netflix, “Forever”, é uma jornada emocionante sobre amor, descobertas e as delícias e angústias da adolescência. Ambientada em Los Angeles em 2018, a série acompanha dois jovens em seus últimos anos do ensino médio. Keisha Clark (Lovie Simone), uma corredora dedicada, sonha em conquistar uma bolsa para a Howard University, enquanto Justin Edwards (Michael Cooper Jr.), um jogador de basquete que lida com o TDAH, se vê dividido entre as expectativas dos pais e seus próprios sonhos ainda não revelados. Um encontro casual em uma festa de Ano Novo desperta uma paixão que transforma suas vidas. “Forever” traz uma rara e sensível representação do primeiro amor pela perspectiva de dois jovens negros, algo pouco explorado na televisão.
A história começa na virada de 2017 para 2018. Após fugir de uma noite de jogos em família, Justin vai a uma festa com seu melhor amigo, Darius (Niles Fitch), e reencontra Keisha, que ele não via desde os tempos da escola primária. A atração entre os dois é instantânea. A sinceridade de Justin acalma Keisha, e, pela primeira vez, ele enxerga um mundo além das obrigações que o pressionam. Embora existam clássicos do romance negro no cinema, como “Love & Basketball”, “Love Jones” e “Moonlight”, histórias de adolescentes negros raramente recebem a mesma profundidade e respeito que as de jovens brancos — especialmente quando não estão centradas em traumas. “Forever” quebra esse padrão. A química entre Simone e Cooper é eletrizante, capturando a doçura do primeiro amor e a incerteza do futuro, especialmente quando a realidade começa a invadir o mundo que eles tentam criar juntos.
Enquanto Justin enfrenta a pressão dos pais para se dedicar aos estudos e ao basquete, Keisha lida com um incidente humilhante do passado que ainda a assombra. Além do romance intenso entre os protagonistas, a série também brilha ao explorar temas como família, amizade e a transição para a vida adulta. Diferente de muitas narrativas juvenis, que relegam os pais a figuras distantes, “Forever” dá espaço para esses relacionamentos. Dawn (Karen Pittman), mãe de Justin, é protetora e às vezes dura, mas sempre amorosa, mesmo quando erra. Já Shelly (Xosha Roquemore), mãe de Keisha, mantém uma relação próxima com a filha, oferecendo a ela oportunidades que nunca teve. Um dos destaques da série, porém, é a dinâmica entre Justin e seu pai, Eric (Wood Harris), uma figura presente e atenta, que guia o filho com sabedoria sem ser autoritário. A representação dessa relação entre pai e filho negro é tão rara que chega a emocionar.
Com oito episódios, “Forever” se destaca por tratar os jovens e seus sentimentos com respeito, ao mesmo tempo que celebra a complexidade e a beleza da comunidade negra. Keisha e Justin enfrentam desafios e, quando não conseguem sozinhos, os adultos intervêm — mesmo que nem sempre acertem de primeira. Em um mundo que muitas vezes dificulta a realização de seus sonhos, esses personagens mostram a força do apoio familiar e comunitário. Mara Brock Akil entrega aqui seu melhor trabalho, adaptando o clássico de Judy Blume para uma nova geração, com uma narrativa que honra histórias negras de maneira vibrante e delicada. A série é um convite para lembrar a potência de nossas histórias de amor, das pessoas que nos apoiam e daqueles que nos ajudam a reconstruir o coração quando ele se parte.
Desde as imagens deslumbrantes de Los Angeles até a fotografia que valoriza tons de pele mais escuros, passando por um elenco diverso e uma trilha sonora repleta de nomes como Frank Ocean, SZA, Summer Walker e Snoh Aalegra, “Forever” é uma experiência completa e mágica. Brock Akil mais uma vez redefine como a vida negra é retratada na televisão. A série já está disponível na Netflix.
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Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com