Sarah Snook Transforma-se em 26 Personagens pelo Designer de “A Imagem de Dorian Gray”

Sarah Snook interpreta todos os 26 personagens na nova produção da Broadway de O Retrato de Dorian Gray. A questão não é se ela consegue, mas como. A figurinista e cenógrafa Marg Horwell é a responsável por transformar Snook de forma fluida, já que a atriz vive o personagem-título, obcecado pela beleza exterior. Horwell colaborou com Snook e elogia sua habilidade de transição entre os personagens, destacando como a atriz consegue mudar de um para outro com um simples movimento de cabeça ou uma transformação mais radical.

O escritor e diretor Kip Williams traz uma adaptação high-tech do clássico de Oscar Wilde para a Broadway. Snook assume todos os 26 papéis – a maioria masculinos – dando vida a Basil, o pintor, Sir Henry Wotton, Lady Agatha, Sybil e outros, enquanto uma equipe de câmera e produção a auxilia em cena. Horwell conversou com a Variety sobre suas influências, a criação da calça perfeita e como Annie Lennox e Bad Bunny inspiraram sua criatividade.

A primeira imagem de Dorian Gray: angelical e com cachos de querubim

“Praticamente, não podemos mudar muito sua parte inferior. Queria algo que funcionasse para os três primeiros personagens e o narrador”, explica Horwell. A moda vitoriana, revisitada ao longo das décadas, teve um grande ressurgimento nos últimos anos, com golas altas, babados e looks andróginos em alta. A primeira aparição de Dorian foi pensada para parecer “quase superexposta na câmera, como se ele estivesse iluminado por dentro”. Os cachos, cheios de textura, preenchem a tela. A camisa de seda branca com gola alta captura a luz de forma impactante, enquanto o colete desamarrado traz um toque feminino, com detalhes de lingerie e corset. “Era para ser algo leve e flutuante”.

A cena do jantar: um arco-íris de personagens

Horwell optou por looks monocromáticos: Lady Agatha em tons pálidos, a Duquesa em magenta com tecidos florais e fios metálicos. “É uma cena ousada, com silhuetas marcantes e texturas ricas”. O casaco de pele que Lady Agatha veste foi doado e ajustado para restringir seus movimentos, alterando sua postura. Já os homens ganharam enchimento nas panturrilhas para mudar sua estatura. “Fizemos um colagem, personagem por personagem”.

As calças que sobrevivem a tudo

Um único par de calças (feito sob medida) acompanha Snook em quase todo o espetáculo. “Elas precisam resistir a danças, assassinatos e trocas rápidas”. Feitas em lã azul-marinho, evitam o preto para destacar a atriz no palco escuro. “Têm uma estrutura reforçada, quase superdimensionada”. A única troca ocorre em uma cena em que apenas seu torso é visível – enquanto fala, a equipe troca suas calças e sapatos nos bastidores.

O motivo floral: da delicadeza ao excesso

Inspirado no jardim descrito por Wilde, o floral começa sutil – uma única flor nas mãos de Dorian – e evolui até dominar o cenário e seu corpo. “No final, as flores saem do retrato, invadem o mobiliário e sufocam Dorian”. Na casa de campo, os arranjos misturam flores reais com objetos aleatórios: “Tubarões de brinquedo, mãos zumbis, tiaras… é um capitalismo transbordante”.

Mudanças de figurino em cena: coreografia invisível

A equipe, visível ao público, executa trocas precisas. “Ensaiamos como uma coreografia. Sarah multitarefa: continua falando enquanto ajustamos algo”. A comunicação é tão afinada que um toque no ombro basta para sincronizar qualquer imprevisto.

O traje final: a desconstrução de Dorian

Horwell criou um visual que pudesse se desfazer. “Camada sobre camada, até ele ficar claustrofóbico”. Inspirada na moda masculina vitoriana, em Annie Lennox e até no terno sem costas de Bad Bunny, a roupa culmina em um corset invertido, brocados e flores. “No fim, vemos o microfone, a touca, as presilhas soltas… ele está se despedaçando”.

Sybil Vane: a Julieta esquecida

Subdesenvolvida no livro, Sybil ganhou um visual de “princesa cupcake” – Julieta após o suicídio, com luvas ensanguentadas e um vestido de época exagerado.

Basil: o pintor desmazelado

Alongado e desgrenhado, Basil veste um casaco laranja queimado, longo demais, e uma camisa Frankenstein – metade tuxedo, metade colarinho de renda. “Ele tem tinta sob as unhas, sempre”.

Esta entrevista foi editada e condensada.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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