Funcionários do Festival de Cannes Protestam por Condições de Trabalho Durante Abertura

Trabalhadores freelancers do Festival de Cannes, apoiados pelo sindicato francês Sous les écrans la dèche (Falidos Atrás das Telas), planejam protestar pelo segundo ano consecutivo durante a glamorosa cerimônia de abertura desta noite. No ano passado, um pequeno grupo de manifestantes denunciou as condições de trabalho, inclusive com um protesto no telhado durante o evento de estreia. O sindicato, que reúne centenas de profissionais do festival — desde projecionistas até motoristas e equipes de catering — divulgou um comunicado afirmando que as ações anteriores resultaram em negociações para um novo acordo coletivo que protegesse os direitos desses trabalhadores temporários. No entanto, após seis meses de discussões, as conversas foram interrompidas. A organização esperava a inclusão de um anexo nas regras do seguro-desemprego.

A França possui um sistema único que permite que profissionais freelancers da indústria audiovisual recebam benefícios durante períodos de desemprego — desde que tenham cumprido uma carga horária mínima anual. Porém, nos últimos anos, o governo reduziu pela metade o valor dessas indenizações, ameaçando a estabilidade da categoria. “O objetivo era definir uma lista de funções elegíveis para o regime de trabalhador intermitente, garantindo acesso ao seguro-desemprego e revertendo a precarização causada pela reforma de 2021”, explicou o sindicato. “Convocamos todos a se mobilizarem novamente: se não podemos viver dignamente do nosso trabalho, qual é o futuro dos festivais?”

Céline Petit, representante da CGT em Nice, disse à Variety que o sindicato apoia o movimento e incentiva a participação massiva no protesto, que promete marcar a noite de abertura. Apesar da proibição de manifestações próximo ao Palais emitida pela prefeitura de Cannes, um ato está marcado para as 18h30, com concentração na prefeitura e término no tapete vermelho. Petit adiantou que outras ações podem surgir além do protesto oficial.

Antes do festival, os organizadores enviaram um memorando aos funcionários com diretrizes sobre uso de redes sociais e interação com a imprensa, recomendando “neutralidade política nos contatos com o público”. Apesar de especulações, afirmaram que a medida não tinha relação com o Sous les écrans la dèche. Entre os apoiadores de destaque estão a cineasta francesa Justine Triet e a indiana Payal Kapadia — esta última integrante do júri de competição em 2024 —, que exibiram o broche vermelho do grupo em edições anteriores do evento.


Este artigo foi inspirado no original disponível em variety.com

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